Tendo terminado o 13º. Sínodo Ordinário dos
Bispos, o quinto do pontificado de Bento XVI, no que me foi possível de
longe acompanhar, em considerações feitas, me chamaram muito a
atenção: a disponibilidade para dialogar e a transparência econômica.
Em primeiro lugar o diálogo: o Santo Padre, em atitude de Pastor
Universal da Igreja Católica e Sucessor do Apóstolo Pedro na Sé de
Roma, teve a atitude bonita e humilde de ouvir, pacientemente e com
vivo interesse as intervenções dos Padres Sinodais. E à partir desta
fraterna escuta agora irá brindar a Santa Mãe Igreja com uma oportuna
exortação apostólica "pós Sinodal", acerca da Nova Evangelização,
nestes tempos difíceis em que estamos vivendo, chamado de "cambiamento"
de época.
Como é interessante notar que a Autoridade do Sucessor de Pedro em nada
foi contestada ou diminuída quando o Santo Padre se colocou em atitude
humilde de ouvir os padres sinodais, que inseridos em suas realidades
pastorais nos cinco continentes do mundo, puderam mostrar como é a
geografia da realidade eclesial da Santa Igreja que peregrina no mundo.
O Papa ensina aos Bispos, aos presbíteros, diáconos e lideranças
leigas que nenhuma atividade de governo deve ser tomada sem ser antes
bem pensada, dialogada, ouvida dentro de todas as instâncias que a
Igreja nos coloca, cabendo sempre, como de praxe o discernimento a quem
tem o poder de regime.
Será que também não devemos aprender a ouvir os nossos fiéis; a
valorizar a caminhada popular e a religiosidade de nossas comunidades
eclesiais ?
Oportuna, foi também, a intervenção sinodal acerca da transparência
econômica. Se os Bispos pedem transparência nas paróquias e exigem, com
razão, balancetes em suas paróquias, não é menos oportuno
transparência absoluta na administração de nossas Igrejas Particulares e
nas Congregações Religiosas.
Vejamos, o que disse no dia 18 de outubro o Cardeal Giuseppe Versaldi,
Prefeito da Prefeitura de Assuntos Econômicos da Santa Sé, tornando-o
efetivamente a máxima autoridade financeira do Vaticano. Com efeito,
Versaldi argumentou que a administração dos recursos da Igreja deve
respeitar a identidade distintiva da Igreja, e, portanto, a simples
cópia das "melhores práticas" do mundo secular não é suficiente. "Essas
técnicas são ditadas pelo mundo e freqüentemente estão em contraste
com a finalidade religiosa", disse Versaldi. Por exemplo, afirmou, o
mundo exterior pressupõe uma má-fé e uma intenção criminosa quando se
cometem erros, enquanto que a Igreja deveria pressupor boa vontade e
inocência até que se prove o contrário. Portanto, quando há um
problema, disse, a primeira opção deve ser a "correção fraterna", e não
chamar a polícia. "Em casos de possível má administração dos bens
eclesiais, como terapia, o remédio evangélico da correção fraterna deve
ser aplicado", disse Versaldi. "Antes de denunciar às autoridades, o
debate pessoal deve ser aplicado para dar a possibilidade da reforma e
da reparação".
Por isso se chama a atenção que a transparência vale para todos. O
dinheiro doado pelos fiéis deve ser valorizado e aplicado na
evangelização. E aos nossos fiéis devemos manter sempre o diálogo e a
prestação de contas. Quando se presta contas com transparência a
evangelização avança com transparência e diálogo.
Que possamos sempre aprender e jamais cansar de dialogar, sem quer
apenas vencer.No diálogo cristão não deveria haver vencedor ou vencido,
porém irmãos; e tenhamos a verdadeira e autêntica transparência na
administração de nossas instâncias eclesiais, mesmo naquilo que
julgamos de menor importância.
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.